A alta comissária da ONU para os Direitos
Humanos pediu que o governo brasileiro apoie com mais recursos o trabalho da
Comissão da Verdade
Membros da Comissão da Verdade:
"peço ao governo que dê todo o apoio necessário. Penso que merece
mais apoio", disse alta comissária da ONU
Genebra - A alta comissária da ONU para
os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu nesta segunda-feira que o governo brasileiro
apoie com mais recursos o trabalho da Comissão da Verdade e disse acompanhar
com atenção o trabalho do colegiado.
"Estou seguindo o progresso
da comissão e peço ao governo que dê todo o apoio necessário. Penso que merece
mais apoio", disse em entrevista coletiva em Genebra a principal responsável
de direitos humanos das Nações Unidas.
A Comissão da Verdade foi criada
para esclarecer abusos cometidos durante a ditadura militar que vigorou no país
de 1964 até 1985.
Embora Pillay tenha reconhecido
que sua existência "representa um primeiro passo para a cura das feridas
do país", opinou que do "ponto de vista dos direitos humanos as
comissões da verdade não substituem a investigação nem o julgamento dos
responsáveis" por crimes cometidos no período.
Estes delitos, acrescentou,
"devem ser vistos pelo sistema de justiça penal".
Ao se referir à situação dos
direitos humanos no Brasil, Pillay expressou sua preocupação pelos efeitos da
Lei de Anistia de 1979, "que continua sendo um obstáculo na busca de
justiça para as vítimas e seus familiares".
Além disso, disse que causa
inquietação "o excessivo uso da força e de armas por parte das forças de
segurança na maioria dos protestos sociais".
Pillay lembrou que a reação
policial "deixou centenas de feridos e seis mortos" em manifestações
registradas nos últimos meses.
Neste sentido, a representante da
ONU elogiou o governo por ter reconhecido que os protestos sociais são
legítimos e adotado medidas concretas para responder às preocupações sobre o
uso excessivo da força.
"Pedimos ao governo que siga
comprometido com o diálogo, que adote urgentemente protocolos para pôr fim ao
uso excessivo da força por parte dos corpos policiais e realize investigações
rápidas e imparciais sobre violações dos direitos humanos", finalizou
Pillay.
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